quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

O mata-borrão da História

A História é um novelo de lã de cujas meadas não se encontram as pontas e os seres humanos biliões de felinos de unhas aguçadas a tresmalhar o pêlo ovino por todo o lado. Toda a História é infinita, inconstante e dinâmica, resultando de uma sucessão de acontecimentos aleatórios, imprevisíveis, intelectualmente descompensados, e porque não dizê-lo, algo esquizofrénicos até. História é por exemplo uma associação de jovens nascer numa farmácia, sem posses e sem campo para praticar a actividade a que se destina e através da subida a pulso da face mais escarpada e íngreme da vida, partindo dentes, abrindo sobrolhos e rebentando meniscos, para contrariar todas as probabilidades, chegar ao topo da montanha e "espatar" lá uma bandeira rubra com as palavras "Sport Lisboa e Benfica" bordadas a ouro em tamanho garrafal. 

História é também um gajo nascer estrábico das duas vistas, não dar um pontapé numa bola, ter dificuldades de locomoção, trepar as faces mais escarpadas e íngremes das improbabilidades totalmente descompensadas, chegar ao topo da montanha e "espatar" uma bandeira com as palavras "Lateral Direito do Sport Lisboa e Benfica... Cabrões!!!". A História tem sempre um cantinho fofinho e meio carinhoso reservado para os imprevisíveis, para as surpresas, para aqueles acontecimentos cuja única pessoa que acreditava neles, morreu incinerada numa fogueira da Inquisição há mais de 200 anos sob acusação de feitiçaria. Porque no fundo a História é coração mole, chora em filmes de amorzinho e de jovens strippers que são seduzidas por velhos corruptos excitados devido a consumo excessivo de viagra por pensarem que o "comprimido azul" os vai tornar ainda mais portistas do que já são. 

O que a História tem dificuldade em suportar e aceitar é o plágio, a cópia e a previsibilidade. Existe um contentor do lixo imundo e a feder nas traseiras da História, para onde são atirados todos os sebentos sem criatividade, os intelectualmente gosmentos, aqueles cuja existência para a memória colectiva não vai passar de um relâmpago em alto mar, para lá da linha do horizonte. Para a História, associações recreativas cujos objectivos de existência se centrem em desejar e possibilitar títulos para rivais com cadastro judicial extremamente conspurcado, existe um cantinho no contentor atafulhado de maleitas, junto a todos os que um dia "benderam" a alma ao papado, para lhe engordarem a conta corrente em prejuízo dos Máióres... porque a História vai apagar os estrelas da amadora como apagou os calheiros, porque a História vai apagar os leirias como apagou os donatos, porque a história vai apagar os lagartos como apagou os augustos duartes.

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